Uma porta velha que range...

Uma vez que existo e se porventura existi, deixo meu legado que foi nada, agora pouco e quase coisa alguma. Faço música das palavras que te ouvi dizer, do que os químicos escreveram sobre as propriedades químicas dos elementos, e escrevo sem pensar sobre política. Não me resta mais nada que nadar em minha própria loucura, sangue derramado ou suor. E desfazer fio a fio o lençol que teci em quase duas décadas! Chegar do ponto de partida e tentar ser mais veloz que a velocidade da luz. Tentar alcançar o fim do mundo pra chegar até o outro lado, o início do mundo. E daí?! Quem vai se importar? Se eu for procurar, existem tantas páginas na internet pra naufragar... Quem vai perder o tempo pensando no fantasma do Natal passado? Quem vai criar o termômetro do amor? O milênio dos Einsteins já acabou, o cérebro agora não pensa, age; os humanos não amam, desejam! Quem vai querer ser obsoleto e amar como antigamente, como nos filmes em preto e branco; quem vai jurar amor eterno no altar até o último suspiro... Acabou, dança-se o carnaval, enquanto tantos se afogam em cerveja, outros tantos em lama e detritos. Tantos podres e ocos, a rebolar num caminho sem destino e perdido, e a cair aos montes pela estrada, só por orgia e diversão. Não sou eu quem tremo, não mais existo, não sou ninguém, talvez sim até, a voz do silêncio acordando ou sem escolha. Se dizes que é o mar, por que não tentas te acalmar; se amas a todos eles, porque tentou matar aqueles? Se fosses o vento, não teria sufocado tantas almas com tua impetuosidade. Se por acaso fosses o que dizes, porque não os faz ver? Porque não é nada além de nada, até somos mais que és, se um dia fostes, acabou desde então, porque o que foi dito, está feito, e mesmo que mate aqueles que ainda estão de pé, nada vai sobrar de teu pó, porque cairás de volta, e ficarás só pra sempre engolindo teu ódio, egoísmo, orgulho, luxúria, gula, vaidade e inveja! Emergindo da tempestade, como se tivesse presa no passado, no presente e no futuro, com o mundo as costas que de tão vazio, leve ficou. Se sabes ler, leia, mas se não entende, não queira criticar os que sabem. Se tem tua opinião, guarda-a, é tua, ninguém pode tomá-la, mas também não a omita, não se cle como covarde, espere que o tempo chega, como a hora da morte de qualquer um, sem avisar o momento, mas sendo sabido que virá... Pense em tantas pessoas que estão morrendo nas cidades aí afora, enquanto comes do melhor, elas morrem soterradas, e se dor pra ti é no dentista, pra elas é a morte! Não te divirtas por 30 moedas, olha a tua volta faz merecer a tua existência por esse sangue que escoa por teu rosto e corpo, ele não é teu, deves a quem te salvou e remiu, deves tua vida e tua alma a quem te deu tudo que tens.

Lilian Holmes
 

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