Gentil e incompreensível

Sempre soube que esse dia fosse chegar, mas como antes não queria que acontecesse. Tinha medo por ser desconhecido, por ninguém nunca ter comentado, por só haver silêncio e segredo. E a cada dia que amava mais e mais, e pelas noites mal dormidas só de pensar em você, eu também pensava nesse dia, e como ele seria. E sentia como se um vórtice me sugasse pra um lugar sem chão e sem direção, me sentia nada e sumia. E depois pensava que se eu acabasse sumindo, acordaria no ano de 3510 e um dia iria pra escola e estudaria uma civilização chamada Humana, ou talvez não uma civilização, mas um povo de costumes silvícolas. Não sei o que vou fazer agora, vou me levantar e seguir até a porta, agradecer e descer. Não sei se devo olhar pra trás, ver se ainda está ali, ou se já havia descido antes. Não, vou tentar esquecer esse pesadelo que me assombra, esse vulto que não me deixa descansar e me consome as noites com suas lembranças inoportunas, vagas, no silêncio da escuridão e no nosso segredo; guardo comigo as mágoas de que um dia poderia não ter te conhecido, mas fica por isso mesmo pois é melhor do jeito que está, e essa distância ou ausência, faz com que tua presença torne em um mar agitado, minha mente singular e confusa. Se me conhecesse melhor, talvez não me reconhecesse quem sou agora, pois sabe-se lá se eu poderia te amar o tanto que já te amo, e se as lágrimas que por ti derramo secariam pelo calafrio que sinto, mesmo estando longe, e qual não por perto! Minhas mãos suadas, não te tocariam, pois eu me desfazeria antes de pensar em tal; nossos olhares poderiam até se encontrar, mas eu me esconderia no âmago da terra, pra te poupar de minha existência e do amor que levo comigo. Se viesse falar comigo, eu responderia, mas talvez até hipócrita, se não me faltasse a voz. Parto agora de mim, sem me despedir, se remorso, mas com saudades, sabendo que um dia fui quem serei e encobri pra ser quem sou e deixo de ser. Adeus, mas mesmo assim estarei sempre ao seu lado, a todo momento, tua lembrança deixará de ser tormento, e essa fidalguia que carregas, gentil te fará em breve, não por minhas forças, mas pela de tantos, curvo-me por mim e por ti, pelo nosso peso e consequências, pelo nosso crime, merecemos castigo; e de agora em diante, amar é só amar, não mais que amar, é só isso... Te amo infinitamente, até quando a última estrela cair, e as nuvens forem sopradas pra longe... Meu amor por ti não é fogo, mas você pode ver, com ele não me contento, mas posso acabar por aqui só pela ânsia de esperar pelo dia que ele durará mais que o mundo, a eternidade! Quem é você? Por tudo isso amar você foi meu crime, me amar será teu castigo...

Lilian Holmes
 

Um comentário:

  1. Lilian, me ajuda com meu blog só vc é que entra, entra pra ver como estou e ver atravez das minha obras!
    Mas alias vc escreve d+ parabens

    "E no sétimo dia Deus descansou e os poetas continuaram a criação"
    Maria Quintanda

    Temos que dar um jeito de nos falar, vc podia fazer mais postagens em meu blog!
    Bjo, izequiel

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