Confesso...

Não foi uma primeira vez, mas como se fosse, senti como se fosse um pesadelo voltando à tona, ou como se acordasse de um sonho pra cair em outro... A mesma dor, que não lembro, mas que senti, o mesmo vazio, o de sempre, porém mais intenso... A pouca diferença era a ocasião... Como se voltasse no tempo, ou como se o dia estivesse se repetindo sem parar, monotonamente, teimosamente, impetuosamente, maldosamente... Me senti tão fria, tão pequena, tão nada, que podia ouvir as batidas de meu coração, meus pensamentos desordenados; confusão... Estranhamente sabia que tinha chegado no lugar certo, apesar da hora incerta, e sem saber a direção a tomar... Me vi de frente comigo mesma, e foi imensamente apavorante, era um medo que eu queria repelir pra todo sempre, um medo que não desejaria nem como o pior castigo, para ninguém... Não era daqueles medos que passam quando nos enrolamos da cabeça aos pés; mas daqueles que te puxam o lençol e te põem de frente com o teu perseguidor... Dessa vez quis fugir, quis acordar, mas... De repente percebi que durante todo esse tempo, estive sempre fugindo de mim...

Eu sou realmente eu? Por que temer a si mesmo? Não fazia sentido, mas agora faz; durante muito tempo consegui me esquivar de certas decisões e obstáculos, as palavras de outros, atitudes tomadas... Agora é inevitável, encarar meu eu, foragido de minha consciência, e que surge assim tão invicto... Não sou forte, não sou forte... Não me tornei mais mesquinha, nem mais egoísta, talvez um pouco ou até muito mais covarde do que tenho sido. E mesmo assim, me detestando vulnerável, quero ainda fugir de mim, Não posso fugir o tempo todo, mas dessa vez, eu tenho que ir a algum lugar, me despistar... Posso ter amado e ainda amar a todos que me cercam, por mais amor que tenha dado sem receber, amo até mesmo os distantes que nem me conhecem, sempre fui sincera de amor, de amizade com cada um deles, guardei dores e mágoas aqui no peito, e levo feridas sinceras de um passado desfeito... Mas fui hipócrita com meu ego... Menti pra mim mesmo, criando um mundo utópico e fantasioso, em que todos os dias acordava, e fazia as mesmas coisas que fizera ontem, e antes de ontem, e todos os outros dias que se passaram... E agora, diante de mim, eu. Por quanto tempo busquei o amor? Por quanto tempo esperarei, não sei, agora, o que tenho de fazer, é consertar tudo aquilo que se desmantelou com o tempo, e fazer do amanhã, um dia diferente do que foi hoje, não estou tentando ser forte, só quero ter apenas coragem para lutar por tudo aquilo em que eu acredito... Enfrentar a mim mesma, acabar lapidar essa estrada, o resto, se o destino existe, ele que nos guiará... Enfim, te espero no amanhecer... Não importa quanto tempo demore, eu espero...

Lilian Holmes
 

3 comentários:

  1. "Amanhã
    Outro dia
    Lua sai
    Ventania abraça
    Uma nuvem que passa no ar
    Beija
    Brinca
    E deixa passar"

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  2. Muitas vezes na vida passamos por isso, ontem estava feliz da vida e hoje me pergunto quem eu sou? ou quem eu quero? Essas perguntas não tem respostas concretas, todos os dias construímos um pouquinho, quando estamos de a procura dessa resposta o bom é olhar para trás e ver quem a gente foi e quem a gente é no momento. Não importa como os querem que você seja o importe é o que você é e quem você é nesse momento e pra mim você alguém muito especial e que nunca vai sair da minha vida. Bjs!!! Saudades... se Cuida.
    Qualquer coisa estamos aqui.

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  3. E era essa, era, era essa,
    Que haveria de salvar
    Minha alma da dor da pressa
    De... não sei se é desejar.

    Sim, todos os meus desejos
    São de estar sentir pensando...
    A Lua(dizem os Ingleses)
    É azul de quando em quando.

    A lua - Fernando Pessoa

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