Uma garrafa no mar...

Pode parecer uma coisa bem besta, piegas ou idiota, mas pra mim não é, chega a ser sublime... O incrível passou pela minha frente e não percebi, de repente vi que uma figura assomava a minha frente, mesmo longe deu pra enxergar uma... Garrafa! E tinha um papel dentro, não pude ler o que estava escrito, mas achei o máximo, sentada ali sozinha na areia da praia, olhei para os lados para me certificar se estava realmente sozinha... Nem sinal de uma só alma! As ondas do mar me trouxeram mais perto a pequena garrafa... Naquele imenso mar me vinha algo ali dentro, então me levantei, curiosa e receosa, pequenas ondas me lamberam os pés, senti um calafrio me subir o corpo, mas nem liguei... Estendi a mão para apanhar o objeto de minha curiosidade, e a toquei. "Que bobagem, ela não vai me morder!", pensei e ri comigo. Apanhei e olhei com cuidado. Dentro, não dava pra ler pois estava embaçado. Virei de um lado e outro e tentei tirar a tampa. Estava fortemente presa. A noite já vinha, como eu não tinha nada para fazer, resolvi me sentar de novo com minha preciosidade. Adormeci. Não sei por quanto tempo dormi, se é que dormi e sonhei. Na garrafa estava uma carta, e na carta um coração, e por um coração desconhecido me apaixonei, sem mesmo conhecer o nome ou a face. O tempo parou pra mim, pra nós talvez, mas eu não me sentia mais só naquela praia imensa, e a todo momento olhava para a garrafinha, pra ver se ainda estava ali, e a tocava, pra ter certeza de que não era alucinação. Quanto durou? Um ano, um mês, um dia... Um segundo.. Ou tudo não passou de devaneio de minha cabeça confusa? De repente me encontro numa avenida muito movimentada, as pessoas correm para todos os lados, num frenesi por não sei o quê, então tentei saber quem eu era e o que fazia ali, então percebi que ninguém estava nem ai pro que eu buscava... O amor verdadeiro... Mas pode ser que a todo momento temos ele nas nossas mãos, ou corações, só não percebemos. Me apeguei a alguém que podia ser só mais outro, mas mesmo com minha covardia de me machucar, não acreditei no que diziam, ou não; então toquei a superfície de meu eu, e agitei as águas... Não que não devamos acreditar nas pessoas, só não podemos torná-las perfeita, numa projeção só nossa, "não é minha culpa se não sou a sua projeção". De uma certa forma, sempre aprendemos com nossos erros, sejam eles bobos ou perigosos, aprendi que as pessoas são como elas são, ninguém se molda ao que achamos, apenas encontramos uma estátua já seca e pronta a ser exposta, bom, talvez não entenda o que estou querendo dizer; as pessoas entram em nossa vida, mas não saem dela, podemos ficar com raiva, nos intrigar, odiar, amar, seja o que for, fica uma marca, uma lembrança, uma assinatura no nosso livro de visita, "fulano de tal passou por aqui...", então sua assinatura constará pra sempre em mim, e a guardarei como uma tatuagem querida, que me fará lembrar do quanto foi e será importante para mim, não sou boa nessas coisas, sempre acabo pisando na jaca, estragando tudo, até às vezes não acontece de rirmos no final, tem vezes que estou só e vou para a janela, chorar, e quem sabe ser consolada pelas estrelas, segurando um bilhete amarrotado nas mãos, o papelzinho da garrafa que um dia encontrei no mar em que meu coração naufragou... Talvez um dia alguém encontre os destroços lá no fundo, não sei se totalmente destruídos, quem sabe até preparado para outra tempestade, mas nunca tão aprendido a navegar nos mares enfurecidos, nas tempestades atrozes, acostumado apenas com a calmaria da solidão... Fico por aqui com meu papel amarrotado, cantando pras estrelas ensurdecidas, chorando com a chuva e sorrindo com o outro dia que já amanhece, será que amanhã eu amanheço?

Não era só uma garrafa...

Dedico este texto a uma pessoa, um anjo, uma fada, um gnomo, um Harry Potter, uma mediadora, um vampiro, não sei, dedico-o à noite estrelada, que um dia esteve comigo quando o sono me foi roubado pelo coração de alguém... É pra você, que se passa por Robin Hood, mas na verdade pode ser até o Rei Arthur, CR. Tudo de bom!

Lilian Holmes
 

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